Enquete | ||
|
Anos 10
O início da indústria cinematográfica e a influência da I Grande Guerra
Depois de nos primeiros anos ser visto como uma novidade, o cinema começa a desenvolver-se e as transformações que ocorrem durante a década de 1910 são os primeiros sinais de uma indústria que viria a marcar intensamente o século XX.
A cada vez maior aceitação do cinema pelo público leva ao surgimento de produtoras independentes, que tentam romper com a Motion Pictures Patents Corporation (MPPC) e a sua hegemonia no mercado de nickelodeons. As novas produtoras, entre elas a Independent Motion Pictures (IMP) e a Famous Players – Lasky Corporation, apostam em longas-metragens (em contra ponto com os pequenos filmes da MPPC) que aliam inovações tecnológicas ao espectáculo. Um dos realizadores que mais se destaca neste período é D.W.Griffith que realiza, em 1915, um dos filmes mais marcantes da história do cinema: O Nascimento de uma Nação.
Um dos fatores decisivos que contribuiu para o desenvolvimento do cinema como indústria foi a alteração da reação do público em relação aos actores. Constatando que o público reagia a determinados actores, (a ponto de querer saber mais sobre as suas vidas pessoais) os responsáveis pelos estúdios potenciaram essa situação, dando nome aos actores e criando, por vezes, “personagens reais” para alimentar a vontade do público. Nasce, assim, a estrela de cinema, que Hollywood conseguiu potenciar como ninguém.
De França e Inglaterra chegam longas-metragens como La Dame aux Camélias (1911), Henry VIII (1911) e Hamlet (1913) que encontram uma grande receptividade junto de uma classe média cada vez mais receptiva à sétima arte, que deixa de ser uma mera forma de entretenimento para as classes trabalhadoras. Devido a estes acontecimentos, os nickelodeons entram em declínio e com eles a MPPC.
A década fica marcada pela I Grande Guerra Mundial, que inevitavelmente influenciou também a sétima arte. Se até ai o mercado mundial era dominado pelas produções francesas e americanas, com o início do conflito os filmes americanos começam a ganhar terreno devido à redução da produção europeia (com excepção da Suécia, cuja neutralidade permitiu manter uma regular produção cinematográfica).
Pelo final da década, e do conflito armado, a indústria cinematográfica era muito diferente da do início da década: os nickelodeons já praticamente não existiam, substituídos por salas de cinema e actores e realizadores eram agora figuras públicas com uma palavra a dizer no seu trabalho. Reflexo disso mesmo é a criação, em 1919, da distribuidora United Artists por Charlie Chaplin, Mary Pickford, D.W. Griffith e Douglas Fairbanks.
O final da década evidenciava já o que viria a acontecer nas décadas seguintes: o crescimento de Hollywood e o seu domínio na industria cinematográfica mundial.