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CONTRIBUIÇÃO DO CINEMA PARA A HUMANIDADE

 

Assistindo a um filme, aprendemos a ver o mundo de outra forma. Na tela do cinema ou da TV, a história é contada não apenas por meio de palavras, mas também por imagens, sons e outros recursos que às vezes nem são percebidos conscientemente pelo espectador, mas que estão ali, colaborando para despertar emoções. Sentados diante de uma aventura, um romance ou uma comédia, exercitamos mais os sentidos do que imaginamos.

Há algumas décadas a convivência urbana se realiza em um ambiente pleno de estímulos audiovisuais, em uma espécie de revolução que altera os processos cognitivos, estabelece uma comunicação permanentemente mediada por imagens e sons e intensifica os meios de contatos virtuais.

Um filme, portanto, está longe de ser apenas uma história. A forma, nesse caso, está acima do conteúdo. Sabe-se que muito do que vemos e ouvimos, exerce certa influência em nossas vidas, em algumas pessoas mais em outras menos.

“O cinema e o seu vínculo com outras mídias funciona como um produto de base da sociedade contemporânea, participando do imaginário de uma determinada sociedade e da experiência dos indivíduos.”. Sendo, portanto, instrumento para socialização, pois cristaliza fatos, personagens e ideias. O cinema é deste modo, uma zona de destaque na formação do imagi­nário social acerca das representações (inclusive das estereotipadas). Suas narra­tivas corroboram o modo como à sociedade se vê, podendo ter alterações peri­ódicas nessa percepção de acordo com alterações nos contextos sociais.

 O cinema é um artefato cultural criado por determinadas culturas que nele se refletem e que, por sua vez, as afetam. É uma arte poderosa, é fonte de entretenimento popular e, destinando-se a educar ou doutrinar, pode tornar-se um método eficaz de influenciar os cidadãos. É a imagem animada que confere aos filmes o seu poder de comunicação universal. Dada a grande diversidade de línguas existentes, é pela dublagem (dobragem) ou pelas legendas, que traduzem o diálogo noutras línguas, que os filmes se tornaram mundialmente populares. A invenção da fotografia, e, sobretudo a da fotografia animada, foram momentos cruciais para o desenvolvimento não só das artes como da ciência, em particular no campo da antropologia visual.

O cinema existe graças à invenção do cinematógrafo, inventado pelos Irmãos Lumière no fim do século XIX. Em 28 de dezembro de 1895, na cave do Grand Café, em Paris, realizaram os dois engenhosos irmãos a primeira exibição pública e paga da arte do cinema: uma série de dez filmes, com duração de 40 a 50 segundos cada (os primeiros rolos de película tinham apenas quinze metros de comprimento). Os filmes até hoje mais conhecidos desta primeira sessão chamavam-se "A saída dos operários da Fábrica Lumière" e "A chegada do trem à Estação Ciotat", cujos títulos exprimem bem o seu conteúdo. Apesar de também existirem notícias de projeções um pouco anteriores, de outros inventores (como os irmãos Max e Emil Skladanowsky na Alemanha), a sessão dos Lumière é aceita pela grande maioria da literatura cinematográfica como o marco inicial da nova arte. O cinema expandiu-se a partir de então pela França, por toda a Europa e Estados Unidos, por intermédio de cinegrafistas enviados pelos irmãos Lumière para captar imagens pelo mundo afora.

Nesta mesma época, certo mágico ilusionista, chamado Georges Méliès, dono de um teatro nas vizinhanças do local da primeira exibição dos Lumière, quis comprar um cinematógrafo para utilizá-lo em seus espetáculos. Os Lumière não quiseram vender-lhe o aparelho: o pai dos irmãos inventores argumentava que o cinematógrafo tinha unicamente finalidade científica e que o mágico teria, por certo, prejuízo se gastasse dinheiro com a máquina para fazer entretenimento. Frustrado, Méliès conseguiu, no entanto adquirir um aparelho semelhante na Inglaterra, fabricado por Robert William Paul, tornando-se assim o primeiro grande produtor de filmes de ficção, com narrativas sedutoras e truques aliciantes, destinados ao grande público: os primeiros efeitos especiais da história do cinema. Foi ele o criador da fantasia na produção e realização de filmes.

Logo depois, nas duas primeiras décadas do século XX, o diretor estadunidense David W. Griffith, um dos pioneiros de Hollywood, realizou filmes que o levaram a ser considerado pela historiografia cinematográfica o grande responsável pelo desenvolvimento e pela consolidação da linguagem do cinema, como arte independente, apesar das polêmicas (polemicas) ideológicas em que se envolveu. Foi ele o primeiro a fazer filmes em que se utilizou a montagem e em que certos movimentos de câmera (câmara) foram usados com maestria, estabelecendo assim os parâmetros da linguagem cinematográfica, que a partir de então se universalizou. Destaque para "Intolerância", admirado até hoje por cineastas e cinéfilos de todo o mundo. Seguidamente, certos agentes do Construtivismo russo, Dziga Vertov no documentário e Sergei Eisenstein na ficção, darão uma importante e decisiva contribuição para o desenvolvimento das técnicas narrativas e de montagem no cinema.

Em suma, os irmãos Lumière e Meliès deram origem a dois gêneros fundamentais de cinema: o cinema documental e o cinema de ficção. Como forma de registrar acontecimentos ou de narrar histórias, o cinema é considerado uma arte, denominada sétima arte, desde a publicação, em 1911, do Manifesto das Sete Artes do teórico italiano Ricciotto Canudo.

Capturando imagens e som para efeitos de comunicação, o cinema também é mídia. Desde a sua origem que é arte e comércio. A indústria cinematográfica cedo se transforma em negócio lucrativo em países como a Índia e os Estados Unidos, respectivamente o maior produtor em número de filmes por ano e o que possui a maior economia cinematográfica, tanto no mercado interno quanto no volume de exportações.

No suporte em película, a projeção de imagens estáticas em sequência para criar a ilusão de movimento terá de ser de no mínimo 16 fotogramas (quadros) por segundo, para que o cérebro humano não perceba que são simples imagens isoladas. Desde 1929, juntamente com a universalização do cinema sonoro, as projeções cinematográficas no mundo inteiro foram padronizadas em 24 quadros por segundo. O cinema digital alterou este padrão. Em vídeo digital é comum o uso de 25 frames (fotogramas) por segundo e de 30 nos EUA.

Antropologia visual é um ramo da antropologia cultural, aplicada ao estudo e produção de imagens, nas áreas da fotografia, do cinema ou, desde os meados dos anos 1990, nos novos ‘’media’’ utilizados em etnografia. A antropologia cultural, a par da antropologia física, é uma bifuração da antropologia, enquanto ciência geral do Homem.

Envolve também o conceito o estudo antropológico da representação visual, no ritual, no espetáculo, no museu, na arte ou na produção ou recepção dos meios de comunicação de massa, os media.

Aplica-se a designação para exprimir a ideia de observação do real pela imagem, tida como mais “fiel” do que a palavra ou o discurso, ou como prova objetiva de determinado evento ou realidade.

 No fundo, o conceito de antropologia visual, embora se restrinja às aplicações que se usam nos métodos da ciência, no sentido lato é uma questão central que surgiu desde que o Homem é homem: no momento em que resolveu representar-se a si próprio pela imagem.

 Pode se considerar como precursores da antropologia visual Walter Baldwin Spencer e Rudolf Poch, eles utilizaram pela primeira vez a máquina de filmar nas suas expedições, retratando os hábitos de aborígenes para a criação de arquivos na Alemanha, notando eles, pela primeira vez também, as distorções de comportamento das pessoas representadas, distorções essas derivadas da simples presença e uso dessa ferramenta, a câmara. Cultivam a antropologia visual, cada um a seu modo, Robert Flaherty (cineasta e não cientista, mas inspirador do movimento), Margaret Mead, Gregory Bateson (Trance and Dance in Bali) Marcel Griaulle, Germaine Dietrerlen, Jean Rouch, este numa perspectiva menos convencional, misturando documentário e ficção em muitas das obras etno-cinematográficas que realiza, abrindo novas portas à pesquisa antropológicas e à modernidade do cinema. Há imagens (sempre as houve) em que o real se transfigura em arte, ao pôr a nu a beleza da verdade.

 Marcel Mauss (1872 - 1950) em seu Manual de Etnografia (1947) situa o uso da fotografia entre os métodos de observação no trabalho de campo. Destaca o valor da fotografia aérea, como auxiliar da cartografia e do recurso das telefotos (para se evitar poses) recomendando também à documentação fotográfica de todos os objetos e o uso excessivo de imagens ou sua utilização sem registro detalhado (hora, local, distância, etc.) das circunstâncias de sua utilização. Devem ser realizados comentários sobre cada fotos e essas anotações incluídas no diário de campo. Observe-se, nessa perspectiva, a qualidade dos registros e anotações de Bronisław Malinowski (1884 - 1942) na sua pesquisa entre os nativos dos arquipélagos da Nova Guiné e Melanésia.